14 de maio de 2011

Jorge de Sena - Poetas do Séc. XX

1. Bibliografia do Poeta

Jorge De Sena
Jorge Cândido de Sena é um escritor português que é autor de um grande número de obras, dramas e poesia. A sua obra mais conhecida é um original de autobiografia. “Sinais de Fogo” é uma das suas obras que foi adaptada ao cinema em 1995 por Luís Filipe Rocha.

O aspecto da vida do autor que achei mais interessante foi o facto de ele não ter ficado eternamente em Portugal, viajou muito pelo Brasil e Estados Unidos da América e, mesmo assim, não parou: ensinou e dirigiu o Departamento de Português e Literatura. (Anabela Cruz)

O aspecto que achei mais interessante deste autor foi ele ter ido para os EUA com a sua mulher e dirigir até ao fim da sua vida o Departamento de Português e Literatura da Universidade de Santa Barbara na Califórnia e ainda exilar-se no Brasil por oposição ao regime salazarista. (Ana Peixoto)


DATA
IDADE
ACONTECIMENTO
OBRA
1919
0
Jorge Cândido de Sena nasce em Lisboa.
-
1936
17
Termina o seu curso de liceu.
-
1942
23
-
Perseguição
1944
25
Licencia-se em Engenharia Civil na Universidade do Porto.
-
1951
32
-
O Indesejado (António, rei)
1955
36
-
As evidências
1959
40
Deixa de ser funcionário da Junta Autónoma de Estradas; por oposição ao regime Salazarista, exila-se no Brasil (onde ensina a teoria da Literatura).

-
1963
44
-
Metamorfoses
1965
46
Muda-se para os EUA com a sua mulher Mécia de Sena e aí dirige o Departamento de Português e de Literatura na Universidade de Santa Barbara, até ao fim da sua vida.

-
1969
50
-
Peregrinatio ad loca infecta
1976
57
-
Os Grão-Capitães
1977
58
-
O Físico Prodigioso
1978
59
Morre em Santa Barbara, na Califórnia.
-


2. Análise de Poemas
"A Diferença Que Há"

A diferença que há entre os estudiosos e os poetas
É que aqueles passam a vida inteira com o nariz num assunto
A ver se conseguem decifrá-lo, e estes
Abrem o livro, lêem três páginas, farejam as restantes
(nem sequer todas) e sabem logo do assunto
o que os outros não conseguiram saber.
Por isso é que os estudiosos têm raiva dos poetas,
capazes de ler tudo sem ter lido nada
(e eles não leram nada tendo lido tudo).
O mal está em haver poetas que abusam do analfabetismo,
e desacreditam a gaya Scienza.
01-02-1972
Jorge de Sena, em ‘Visão Perpétua’

O poema aponta as diferenças entre os estudiosos e os poetas, diz que os estudiosos – por muito que se esforcem – não conseguem compreender um assunto da mesma maneira que os poetas pois a estes basta-lhes pouco tempo e pouca leitura para saberem logo tudo. Por esta razão, os estudiosos têm inveja e guardam rancor dos poetas. O único problema é haver poetas demasiado analfabetos que conduzem à descredibilidade da Ciência.
Escolhi este poema porque concordo com a perspectiva do poeta que os estudiosos, só depois de grande esforço e trabalho, é que conseguem descobrir a resposta a um assunto. Mas, acho que este empenho compensa, apesar de ser muito mais fácil ser como os poetas e ver o que os restantes não vêem.
Por: Anabela Cruz

"Independência"

Recuso-me a aceitar o que me derem.
Recuso-me às verdades acabadas;
recuso-me, também, às que tiverem
pousadas no sem-fim as sete espadas.

Recuso-me às espadas que não ferem
e às que ferem por não serem dadas.
Recuso-me aos eus-próprios que vierem
e às almas que já foram conquistadas.

Recuso-me a estar lúcido ou comprado
e a estar sozinho ou estar acompanhado.
Recuso-me a morrer. Recuso a vida.

Recuso-me à inocência e ao pecado
como a ser livre ou ser predestinado.
Recuso tudo, ó Terra dividida!
Jorge de Sena, em 'Coroa da Terra'

Neste poema, o sujeito poético recusa o que lhe dão porque talvez queira ser ele a conquistar; recusa as verdades acabadas e vai em busca de novas descobertas; recusa a pessoa em que se transformou; recusa-se a ser influenciado pelos outros; a estar só ou acompanhado, só está bem quando está em si; a ser livre ou a que decidam por ele. Ele recusa tudo, pois, prefere lutar em vez de lhe ser dado tudo isto que faz parte da vida e da Terra.
Desta forma, o sujeito poético parece estar numa fase decisiva da sua vida pois recusa tudo e todos e não sabe que caminho escolher.

Por: Ana Peixoto